Wednesday, May 17, 2006

Campo Pequeno @ RTP





Campo Pequeno

Para quem viu na RTP a inauguração do renovado Campo Pequeno percebe que a RTP não se poupou e convocou quase todos os seus nomes sonantes para apresentar o evento. Jorge Gabriel, Merche Romero, Sílvia Alberto, Sónia Aráujo, Júlio Isidro e mais quatro ou cinco apresentadores da casa estavam lá. Um perfeito exagero mediático, tal grande que a RTP dedicou mais de 7 horas em directo nesse dia sobre o "evento". E convém não esquecer do documentário exibido no dia anterior e dos directos em serviços noticiosos ao longo destes dias sobre a praça de touros. E ainda hoje, um dia após a gala de inauguração a estação tem feito directos para acompanhar o primeiro dia em que os consumidores tem mais um centro comercial em Lisboa sempre destacando as maravilhas de tal shopping. Porque afinal o Campo Pequeno é uma empresa com fins comerciais mesmo sendo pertença de instituições como a Câmara Municipal de Lisboa e a Casa Pia. Por tal facto, a RTP devia ter sido moderada e mais isenta na cobertura da reinauguração não esbajando tantos meios e horas de transmissão. Isto não é certamente serviço público.

Também me sinto triste pelo renascimento em Lisboa da tortura e morte de animais para deleite sádico da pouca população que ainda liga a tal "espectáculo". "É a tradição" desculpam-se. "É uma honra o animal ter uma morte tão nobre e dar espéctaculo". As tradições são para ser quebradas quando a crueldade é exagerada e o bom senso de um homem mais racional e digno deve existir nos dias de hoje. Estou certo que quem tanto elogia tal espéctaculo também gostava de levar uns ferros nas costas e ser de seguida enviado para abate somente para deleite de uns quantos touros.

Se o espaço como arena de morte e área comercial a meu ver não merece tanta honra mediática o facto de a renovação ser uma magnífica obra de engenharia já o é. De facto e graças ao IPPAR podemos dizer que a renovação foi acto feliz. Quase tudo foi preservado de acordo com o que já existia e mesmo com a arena original de 1892 (o facto de as cúpulas serem agora azuis é uma delas). Pouca gente imagina o trabalho que realmente ali foi feito (foram precisos sete anos). Aconselho um leitura sobre a obra na Ordem de Enginheiros que descreve em pormenor (com muitas fotos e diagramas) as etapas do projecto. É bom que Lisboa não tenha perdido tal monumento neo-árabe mesmo que carregada de uma tradição sangrenta que tantos convidados aplaudiram ontem.

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