Monday, February 20, 2006

Interregno



Falta de alpista

Como repararam, o sinistro ser que alimenta o piu-piu anda a matar à fome a pobre ave. Essa vil personagem vai portanto durante mais uns dias, tentar procurar alguma alpista que mate a fome do triste pássaro que já nada ou pouco pia. Até melhores dias...

Wednesday, February 08, 2006

Wallace & Gromitt @ Annies





Implacáveis!!!

"And the Oscar (excuse me) the Annie goes to... "Wallace & Grommit: The Curse of the Were-Wolf" Yeeahhh... and again... and again?... and hmmm again... and yes again... and oh well again... and still again... and (you know the answer) again... and (glup) again... and finally again..."

Pois é, Nick Park e Steve Box arremataram 10 prémios nos Annies, os galardões americanos para a Animação! E não ganharam todas as nomeações já que era impossível de acontecer pois nalguns dos prémios tinham múltiplas nomeações. E com tanto prémio até faz parecer que não tinham concorrência à altura, o que não é verdade. Lá estavam Hayao Miyazaki e o seu "Howling Castle", "Madagascar", "Corpse Bride" de Tim Burton, "Robots", "Chicken Little" e tantos outros...

Até já sabia que tinham ganho o prémio principal há alguns dias atrás mas só foi quando visitei "o Gato Cósmico" do Doraemon que percebi que tinham arrasado totalmente.

Apesar de nos Annies com tanta concorrência "Wallace & Grommit" terem dominado, isto não é garantia de terem também o Oscar assegurado mesmo com menos concorrência ("Howling Castle" e "Corpse Bride"). A indústria de Hollywood (ás vezes) tem os seus próprios interesses. Mas normalmente os Globos são um prenúncio. E como eu gosto muito desta divertida dupla espero que façam o pleno e ganhem também o Oscar!

P.S. Star Wars - The Animated Series (Cap 21-25) de Genndy Tartakovsky ganharam na categoria que estava nomeada (Melhor Série de Animação TV!) Fica prometido post sobre esta série animada para breve!

Tuesday, February 07, 2006

€ DVD @ PT





I Love Portugal

É bom viver em Portugal. Ganha-se menos mas paga-se mais. Dá vontade de fazer as malas. Com estes preços e margem de lucro percebo porque se diz que as vendas de dvd's em Portugal vão bem. E também percebo porque as editoras e as lojas de DVD online espanholas nos olhem como mercado e nos ofereçam já condições e portes específicos para o nosso país. Chamem-lhes parvos...

Sunday, February 05, 2006

We Love You Bill



We Love You Bill

Judite de Sousa envergonhou-nos a todos. Aos portugueses e sobretudo a restante classe profissional. A jornalista tinha ao seu dispôr meia hora com Bill Gates. Um fabuloso furo que qualquer repórter gostava de ter. No entanto esbanjou a sua oportunidade numa entrevista inócua e enfadonha portando-se pior que uma estagiária e falando um inglês terrivelmente medíocre. Não houve uma única pergunta que fizesse Bill Gates pensar, a não ser quando este tinha de fazer esforço para perceber o inglês dela. Não houve perguntas concretas, apenas perguntas genéricas, leves, inconsequentes. Não fez perguntas para perceber como ele vê Portugal, porque o escolheu para tantos acordos e quais acha que são os pontos positivos do país,
se temos potencialidades que o seduzam. Não fez perguntas economicas e estratégicas sobre possíveis conselhos para empresários portugueses. Não confrontou Bill Gates sobre a conturbada relação da Microsoft e a Comunidade Europeia. Nem sobre os tantos falhanços e incapacidade da Microsoft em impôr-se na área da Internet. Nem sobre a concorrência do software livre, os novos caminhos multimédia, o comércio on-line ou sobre os projectos anunciados que tem para combater o iTunes. Nem pediu um comentário sobre o facto de Apple se ter aliado ao seu parceiro de sempre, a Intel. Aliás Judite não fez uma única pergunta que pudesse embaraçar levemente Gates. Por tal, não houve perguntas do qual se extraisse algo de verdadeiramente palpável e de algum valor. Até mesmo sobre a sua vida pessoal. Não seria outra pessoa da RTP capaz de fazer melhor?

Paradoxalmente penso que não. Poderia ter sido qualquer um a fazer esta entrevista. Temos de considerar que esta atitude de passividade da RTP foi deliberada e mesmo acordada. Não me admira se as perguntas tenham sido aprovadas, tal como a Administração Bush faz até quando visita uma escola. Temos de pensar em Judite como um simples peão nos interesses de Bill Gates, da Microsoft e do Estado Português. A RTP concedeu um tempo alargado de divulgação nos últimos dias a assuntos "Microsoft". Aliás a imprensa em geral empolgou-se com Gates. Eram notícias sobre as aulas de formação para desempregados têxteis, sobre a visita de Gates, a sua maravilhosa casa e os múltiplos acordos com o governo local. Até parecia que Bill era o Messias que vinha salvar Portugal e de fazer avançar com o "maravilhoso" plano técnológico de Sócrates.

E tudo foram rosas para tio Bill na mole entrevista. Bill Gates teve tempo e condições para passar uma imagem positiva, calma, optimista do seu trabalho humanitário, da visão de futuro que a Microsoft diz ter e o desejo de como quer ajudar a desenvolver toda a gente. A Microsoft usou Portugal como cavalo de Tróia para começar a melhorar a sua complicada posição na Europa com inúmeras multas, acusações e investigações. Judite, a RTP e Sócrates beijaram-lhe os pés e estenderam-lhe a passadeira vermelha. Só mesmo em Portugal se lambe-cús tão descaradamente.

Saturday, February 04, 2006

Seth Fisher RIP





Seth Fisher RIP

O mundo dos Comics está de luto. Seth Fisher, jovem talento na casa dos 30 anos que começava a emergir faleceu inesperadamente e tragicamente um dia após a publicação do último capítulo da extravaganza que era Fantastic Four/Iron Man - Big in Japan. Este criador trouxe aos comics uma lufada de ar fresco com os seus surrealistas universos cheios de fantasia, loucura e cor. Não deixa infelizmente muita obra. Além da derradeira obra para a Marvel desenhou Pop! Tokyo na Vertigo, Green Lantern: Willworld, Flash - Time Flies na DC Comics e pouco mais. Este último trabalho referido é uma delirante piscadela a Little Nemo de Winsor McCay com o qual tinha sido nomeado para o Eisner Award. Também é de lhe assinalar o belo design do jogo Myst 3 - Exile.

Recorde-se que Seth Fisher já passou por Portugal no Festival de BD da Amadora em 2004, altura em que aproveita para colaborar com a King-Pin Comics na criação da imagem da loja.



Seth além de ter ainda muito para oferecer artísticamente teria ainda muito para dar como pai. Deixa no Japão onde vivia e morreu a sua esposa japonesa e um filho de tenra idade. Esperemos ao menos que agora que partiu tenha chegado a um mundo tão fascinante como aqueles que criou...

Site Pessoal > Flowering Nose

Thursday, February 02, 2006

Triângulo J





Triângulo J

Henrique Oliveira é daqueles nomes que aparentemente nos parece familiar mas não nos diz nada à primeira vista. Mas se eu disser que foi o guitarrista dos míticos Taxi já esboçamos um sorriso. Não porque nos lembramos exactamente de quem é mas pelas boas memórias que temos da banda. No entanto, acho que é mais importante e justo fazer-lhe o elogio não pela sua faceta musical, mas pela posterior carreira como produtor audio-visual onde eleva a fasquia da qualidade televisiva em Portugal.

A produtora Miragem na qual Henrique Oliveira foi uma peça pilar marcou o panorama televisivo nacional com séries como Claxon e Major Alvega. Sendo séries muito cuidadas em termos de estética, Major Alvega (com Ricardo Carriço) torna-se um case-study pela forma como funde imagens reais e a banda desenhada. Foi mesmo exportada para o mercado internacional e nomeada para um Emmy. A esta série está também curiosamente ligada ao talento de Rui Ricardo, famoso cartonista da Art Vortex (com Esgar Acelerado) e responsáveis pela Superfuzz, publicada semanalmente no Blitz.

Já com Hop!, a nova encarnação da extinta Miragem, Henrique Oliveira produz principalmente programas infantis como Batatoon e MartAtaka (do qual já tinha falado aqui). Agora é igualmente no campo juvenil que a Hop! dá novas cartas. Triângulo Jota baseado nos livros de aventuras juvenis de Álvaro Magalhães é uma nova aposta da RTP. E é uma cartada tecnologicamente forte. Pela primeira vez se filma uma série em Alta Definição em Portugal. A RTP consciente do investimento não emite somente a série nas manhãs infantis mas por enquanto exibe-a também pouco antes do Telejornal de Domingo.

Triângulo Jota demarca-se assim da concorrência, Uma Aventura da Sic e O Clube das Chaves da TVI. Com uma produção muito cuidada, pormenores como o genérico, cenários e iluminação são muito bons para o que se faz normalmente cá nesta categoria de programas. Pelo primeiro episódio, o jovem elenco principal está à altura na interpretação, algo que nas séries concorrentes muitas vezes falha. Os nomes de famosos actores que vão fazer uma perninha como convidados também é de elogiar (Nicolau Breyner, António Cordeiro, Paulo Pires, Adelaide Sousa, Rui Unas). Mas nem tudo parece ter resultado muito por culpa da especificidade deste episódio onde recorre a dobragens e a um casting um tanto erróneo para personagens orientais. Por certo neste aspecto a série há-de melhorar.

Esperam-nos mais doze episódios (um já foi emitido) de 50 minutos cada. Pela boa aposta desejo que esta série tenha sucesso para que a produção juvenil por cá melhore. Triângulo J torna-se agora o alvo a abater pela concorrência. É bom ver a RTP a fazer ficção nacional e sobretudo infantil. Entreter bem os "pequenos" também é serviço público...

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Wednesday, February 01, 2006

Steamboy





Steamboy

Steamboy de 2004 era o aguardado novo projecto de Katsuhiro Ôtomo após a realização do objecto de culto que é Akira (1988). No entanto a sua estreia não foi um sucesso e passou muito despercebido nas salas de cinema. Em Portugal pelo que sei nem estreou. A sua temática provavelmente desapontou muitos que desejavam mais uma obra Cyberpunk como o anterior filme ou que fosse na onda de Matrix ou Ghost In The Shell. Mas desta vez Otomo tinha decidido enveredar por uma temática que começa a ganhar o seu canto na Ficção Científica, o Steampunk.



Por Steampunk, entende-se normalmente a exploração de realidades alternativas da Época Victoriana e princípio do Século XX mas onde o poder da tecnologia chegou precocemente e muitos mundos como os normalmente descritos por autores como Julio Verne e H.G Wells são efectivamente realidade. São estranhas visões em que o poder do vapor alimenta poderosos submarinos, navios, aviões e até naves espaciais. Alguma vezes mesmo os computadores já são aí uma realidade. Exemplos recentes mais conhecidos destes mundos são A Liga dos Extraordinários Cavalheiros (vertente mais victoriana) criado por Alan Moore, Wild Wild West (que aborda uma visão mais Western) ou as Cidades Obscuras (numa abordagem mais Arte Nova e Art Deco) de Schuiten e Peeters.



O filme centra-se na história de um rapaz, Ray Steam, seu pai e avô em plena Inglaterra victoriana. A família Steam são puros génios na manipulação do poder do vapor e escondem segredos e ideias que todos desejam ter. É uma bela fábula e ensaio sobre o uso que se dá à ciência. Aborda a ética e o preço que é necessário pagar para que a ciência avance e o modo como essas descobertas são usadas em benefício da Humanidade.



Este incompreendido filme que demorou uma década a ser realizado foi o mais caro feito no Japão em animação. Recorre a técnicas animação 3D mas apresenta um look tradicional como nos habitou por exemplo Hayao Miyazaki (A Viagem de Chihiro, a Princesa Mononake). Com cenários encantadores que recriam por ex a Primeira Grande Exibição de Londres é um filme delicioso de se ver e uma bela reflexão moral. O argumento é algo linear e pouco profundo reconheça-se, e a forma como grande parte da história é contada no final é desapontante. No entanto como já disse a mensagem é forte e o imaginário visual do filme é o melhor de tudo.



Portugal já conhece uma edição DVD deste filme mas infelizmente não teve direito a uma versão de colecionador com um segundo disco de Extras. Recomenda-se então a importação já que duvido que venhamos doutra forma a conseguir uma bela edição como a versão americana.

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