Friday, January 27, 2006

Mozart & Falco





Duplo Tributo

Hoje é o aniversário (coisa estranha esta de celebrar aniversários de mortos) de um dos maiores prodígios da música. Com certeza não estou a dar novidade nenhuma porque com tantas reportagens, notícias e até uma homenagem do Google é difícil não dar pelo facto.

O piu piu também reconhe o seu génio e apresenta à sua maneira um tributo a um austríaco morto evocando outro austríaco já falecido.

Johann Hölzel teve a sorte de conseguir viver mais 5 anos (morreu aos 40) do que Mozart. Foi conhecido pelo nome artístico de Falco e foi mais um que celebrou o talento de Mozart com a música "Rock Me Amadeus". Milos Forman tinha-o feito no cinema, Greenaway na video-art e já vários músicos recriaram a música de Mozart em inúmeros estilos do qual me lembra entre outros a vertente "etno" de "Mozart in Egypt". Mas a homenagem de Falco assume maior importância porque o fez no estilo mais popular dos nossos dias, o pop-rock. Se Mozart era uma estrela da altura (pelo menos nas cortes e salões da época) é pertinente que esta homenagem tenha sido feita hoje em dia no estilo de música que mais gera pop-stars.

É um facto que os mortos são "explorados" pelos vivos. Muita gente fez e vendeu discos, filmes, séries, livros sobre Mozart. E se Falco encaixou algum dinheirito aproveitando-se de Mozart outros aproveitam-se agora de Falco. Como morto também ele já tem direito a estas "homenagens". Falco Meets Amadeus é um musical de 2000 sobre as músicas de Falco recorrendo ao imaginário visual da época de Mozart. É a exploração de uma exploração se bem que "politicamente correcto" chamada de homenagem. Como sempre a dinheiro chega sempre (aos bolsos de outros) depois de morto. A fama é que ninguém lhes tira, mesmo enterrados.

E viva Mozart (e já agora viva Falco também!).

He was the first punk ever
To set foot on this earth
He was a genius
He could play the piano
Like a ring and a bell
And everybody screamed:
Come on, rock me Amadeus

He was a superstar
He was dynamite
And whatever he did
Seemed to be all right
And he drank
He cursed and he fooled around
But when the women would shout:

(coro)
Come on, rock me Amadeus
Amadeus, Amadeus, Amadeus,
Amadeus, Amadeus, Amadeus,
Oh oh oh Amadeus.

(...)

Wednesday, January 25, 2006

Nostalgia AM - pt.2



Nostalgias AM - pt.2

Ironia das ironias, a recriação da Febre de Sábado à Noite de que falei no post anterior vai ser transmitida em directo pela RTP. Se já era estranho que apesar de ser igualmente realizada num sábado não o seria de manhã mas sim à noite, mais bizarro se torna quando se sabe que é emitida apenas na TV. É que as rádios vão estar ocupadas tarde e noite com o grande derby futebolístico e por tal alhearam-se completamente a um marco da história da própria rádio, sangue do seu sangue. E quando a própria rádio ignora os seus próprios mitos é caso para dizer que "TV saved the radio star".

Também tinha falado da minha devoção infantil-juvenil pelos Parodiantes de Lisboa. Após a minha evocação poucos dias depois o último dos irmãos Andrade vivo, Ruy Andrade faleceu. A minha homenagens a um homem que era dos mais antigos produtores de rádio em Portugal e que marcou indiscutívelmente o humor radialista.

Que diabo, a saudosa rádio está mesmo a perecer...

Friday, January 13, 2006

Nostalgia AM





Nostalgia AM

Quando na RTP ouvi Júlio Isidro anunciar que ia editar um triplo CD e igualmente fazer uma emissão comemorativa e alusiva aos 25 anos da "Febre de Sábado de Manhã" confesso que quase me vinha uma lágrima ao olho. Apesar de já só ter poucas memórias dos directos do Nimas, ainda me recordo vagamente do frenesim, dos jogos e loucos passatempos dessas emissões.

É com extrema saudade que me lembro do rádio na cozinha que coloria o ar da casa, de manhã até ao princípio da noite nesses idos anos. A RDP - Radio Comercial em AM era a estação sintonizada e passei grande parte da minha infância a ouvir os programas dessa emissora. Só mais tarde, já numa época mais FM se mudou cá por casa para a Renascença numa altura que António Sala e Olga Cardoso eram líderes do éter, mas isso são outras estórias e é já outra época. Hoje em dia, já nem rádio há na cozinha e foi a TV que se "camuflou" de rádio.

Apesar de o humor dos Parodiantes de Lisboa hoje em dia ser para mim demasiado insonso não tenho vergonha nenhuma em confessar que era talvez o programa dos tempos da rádio que mais gostava. Adorava estar em companhia do Patilhas e Ventóinha nos meus almoços mal chegasse da escola. E além do seminal "Graça com Todos" se fosse possível ouvia os outros programas dos irmãos Andrade como o "Piadinhas & Torradinhas".

Só mais tarde com o Pão com Manteiga de entre outros dos célebres Carlos Cruz e Mário Zambujal é que descobri um humor com que me identifico mais hoje. Era um programa estranho de um humor sem nexo mas a verdade é que me fascinava todo aquele absurdo.

E há sempre o mítico "Quando o Telefone Toca" com o habitual "posso dizer a frase?" ou o "já foi pedida" onde desfilavam os hits da época. Mais do que tudo ainda conservo na memória da única vez que tive a coragem de pedir um disquinho. O que tenho alguma vergonha é de dizer mesmo o que pedi...

Mas não tenho na memória momentos mais agradáveis que aqueles domingos quando bem cedo se passava clássicos antigos da rádio, melodias de que nem sabia os nomes mas que harmonizavam com o céu azul e solarengo dessas manhãs e sobretudo com o "dolce faire niente" próprio de uma infância. Agora nos tempos modernos, já liguei algumas vezes o rádio da aparelhagem hi-fi e toco no botão que faz a viagem "intergálatica" do FM para o AM. No meio de um "espaço" agora tão deserto lá se descobre uma das poucas estações que ainda resta na onda curta. Mas já tem o mesmo sabor. Mesmo sendo Domingo, mesmo estando Sol, a música que passa já não é a mesma, o rádio já não é um barato altifalante mono e sobretudo eu não me sinto o mesmo que era.

Trintões e quarentões levarão as suas famílias a uma das salas do Pavilhão Atlântico dia 28 de Janeiro tentando mostrar-lhes os momentos únicos que viveram nesses dias. Mas da mesma forma do que me acontece penso que quando Júlio Isidro tentar reviver o seu mítico programa nunca terá a mesma magia. Esses instantes eram mesmo únicos, irrepetíveis e perdem todo o sabor fora daquele tempo. Há recordações que não se repetem por muito que se queira.

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Nota : O Espectáculo mesmo que não tenha o sabor de outrora tem a nobre causa de contribuir para a Associação das Doenças Raríssimas. O preço são uns modestos 5 euros.
Informações sobre o Evento

Thursday, January 12, 2006

Guerras Multimedia





As guerras Multimedia

Finalizado o CES 2006 - International Consumer Electronics Show e pelas notícias que vão surgindo os próximos tempos vão ser confusos quanto a tecnologia e plataformas multimedia.

A começar pelo sucessor do DVD a procura de um formato único parece irremediavelmente perdida. Produtoras cinematográficas como a FOX e Sony planeiam já uma primeira vaga de 40 filmes para o formato BluRay. Por outro lado a Paramount Pictures, a Universal Studios, a HBO Video e a New Line Entertainment vão lançar quase 200 títulos para o HD-DVD até ao fim de 2006 e uns 50 como primeira aposta até Maio. A Warner é que prefere jogar pelo seguro não descriminando os utilizadores e aposta nos dois formatos.

Quanto a leitores tudo muito confuso nos lançamentos. Em Março os primeiros modelos HD-DVD para consumo devem estar disponíveis por parte da Toshiba. Quanto a lancamentos de leitores de BlueRay para sala só mesmo após a Primavera, apesar de já haver algumas experiências comerciais no Japão. Quanto a preços estima-se que os leitores HD-DVD sejam pelo menos metade (500 dólares) do que custam os BlueRay. No campo informático a Microsoft aliou-se ao HD-DVD e as drives para PC não devem também tardar até porque a Pionner diz que no final de Janeiro já terá drives BluRay para PC's, isto se os problemas com o seu sistema copyright não complicarem. A Apple preferiu apoiar o BluRay. Já a HP que preferia endorsar os dois formatos acabou por desistir do BluRay após certas sugestões que tinha para o formato serem recusadas. Nas consolas a tão esperada Sony Playstation 3 irá naturalmente usar o BluRay podendo ser um enorme trunfo para promover o formato mas até nisso não se sabe se haverá alguma limitação para ler filmes já que uma PS3 a metade do preço dos leitores BluRay de mesa poderia abalar a venda destes últimos.
ADENDA 1: A Xbox360 da Microsoft vai disponibilizar um leitor externo HD-DVD.
ADENDA 2: Parece afinal vai sair um leitor BluRay coincidente com o lançamento do 1º leitor da HD-DVD.

É difícil adivinhar um vencedor nesta renhida guerra onde até a questão do nome e logo pode ser decisivo. O nome HD-DVD é uma feliz escolha já que a sigla DVD é familiar e HD começa a ser veiculado com as vendas de novos televisores "HD Ready". O nome BluRay é algo que vai dificilmente ainda vai ser assimilado pelas massas.

Entretanto em relação a centros digitais de entretenimento para o lar a Intel e a AOL anunciaram um acordo de colaboração para o desenvolvimento da plataforma multimedia da Intel designada por ViiV.

Já no comércio online musical a HP desistiu da aliança com a Apple deixando de integrar nos seus PC's o iTunes, líder incontestado nesta área, em favor do RealNetworks Rapsodhy. Igualmente deixa de lado a venda de uma versão especial do iPod.

E quanto á venda de contéudos TV online para depois serem vistos num iPod, num PC ou outro aparelho portátil começam-se a notar insatisfações seja pelos limites de tempo para ter os programas ou incompatibilidades em ver num ou outro leitor multimedia portatil. Um interessante artigo pode ser lido aqui.

E agora já nestes dias de Janeiro vem aí as novidades do MacWorld Expo quanto aos primeiros Mac com coração Intel e igualmente se adivinham novidades em relação ao multimedia por parte da Apple. Como se vê estes tempos anda tudo muito volátil, confuso e incerto.

NOTA Apesar de ter a data de dia 12 este post é de uns 2 dias atrás porque por engano apaguei este post. Felizmente tinha ainda o texto original em txt.

Monday, January 09, 2006

Jogos HDTV@PT





Jogos HDTV@PT

Com consolas como a Xbox360 ou a PS3 (que ainda espera lançamento) há a possibilidade de jogar em Alta Definição e formato panorâmico aproveitando as tv's 16:9 que vão lentamente entrando nos nossos lares. Muitos portugueses podem estar a pensar que ao jogar panorâmicamente com a sua Xbox360 no seu televisor 16:9 estão a fazer algo novo e inovador. A verdade é que se enganam redondamente porque em Portugal há 12 anos atrás se tinha jogado em televisões HDTV um jogo especialmente concebido para o efeito.

1994, Centro Cultural de Belém. Viviam-se os dias áureos de Lisboa'94 - Capital Europeia da Cultura. Um ano repleto de abundantes iniciativas culturais. Numa delas a poderosa indústria japonesa vem nos sensibilizar para os potenciais do HDTV, a Alta Definição que algum sucesso estava a ter no país nipónico.



Numa sala do então polémico CCB no âmbito da exposição "Múltiplas Dimensões" documentários passam ininterruptamente sobre a cultura japonesa e museus franceses em formato HDTV. E no meio desta oferta cultural há algo mais interessante e histórico do que a possibilidade de ver TV panorâmica. Era o primeiro jogo concebido para Alta Definição chamado Hi-Ten Bomber Man. Tecnicamente era baseado em 2 consolas Nec PC Engine/Turbografx, 10 comandos (5 por consola) e um PC para fazer output de sinal HDTV. Isto permitia jogar o popular Bomberman aceitando até 10 pessoas. Nessa altura o jogo era somente um protótipo produzido pela HudsonSoft e nunca foi publicado para PC Engine por limitações técnicas tendo se ficado por exibições públicas. Ganhou aliás o prémio High Vision Awards 93 facto que o permitiu trazer sob signo do High Vision Promotion Center a Portugal. Para muita pena minha quando visitei essa exposição não foi na hora em que o jogo era promovido.



Uma versão do jogo, o Saturn Bomberman foi depois lançada para a Sega Saturn onde igualmente se podia jogar em widescreen (mas não verdadeiramente em Alta Definição) quando na presença de mais de 8 ou mais jogadores. Esta consola teve igualmente alguns títulos com opção widescreen como o fabuloso Nights já que o apetite pelo formato 16:9 era emergente tendo as companhias feito várias apostas nesta perspectiva. Consolas como a Sega Dreamcast também apresentaram alguns jogos com opções widescreen. Mas widescreen não é sinónimo de Alta Definição e só mesmo depois com a Xbox e a PS3 se pode efectivamente ter poder gráfico em nossas casas para alimentar um ecrã 16:9 com altíssima resolução.

É pena é que se tenha esperado tanto tempo para se poder realmente jogar em alta definição. Mas na verdade muitos poucos em Portugal teriam uma TV widescreen para jogar tais jogos já que somente com a sedução do DVD e do Cinema em Casa se despertou o interesse por tais televisores. Fica a curiosidade deste inovador jogo ter passado em Portugal. Apresento scans do folheto promocional de tal mostra.

Sunday, January 08, 2006

SIC Radical - Nova Grelha



SIC Radical - Nova Grelha

Alerta-se para as novidades da nova grelha da Sic Radical que entra em vigor dia 9, Segunda-Feira porque até há boas apostas. Há séries novas a estrear em Portugal e há regressos de séries transmitidas noutros canais.

Regressos:
Espaço 1999 é transmitida Terças á noite e Esquadrão Classe A (The A-Team) Segundas à noite. Penso que dispensam apresentações de tão conhecidas que são.

Novas séries:
Firefly - A série culto steampunk idealizada pelo criador de Buffy Joss Whedon e que realizou igualmente o filme Serenity baseado nesta mesma série. Espero que a Radical respeite integralmente a linha cronológica da série e não pela ordem com que a FOX maltratou (e cancelou até) a série. Deve ser vista com atenção pelo bom argumento e alguns muito bons episódios e não pela sua Ficção Científica que é muitas vezes patética.

Também da FOX, Roar, leva-nos a ambientes célticos medievais. Série reputada que não conheço mas da qual desconfio que tal como Firefly teve vida mais curta. Provavelmente mais uma série que Penim deve ter ter comprado baratinha.

Family Guy é uma série de culto animada com bastante sucesso lá por fora e a Radical deve ter dado uns bons tostões por ela. É transmitida ás sextas. Era uma das séries prometidas e muito pedidas pelos espectadores da Radical

Há novo humor britânico. Shameless do Channel4 fala de uma família muito anárquica e estranha. Certamente iremos ter boas gargalhadas com esta série.

Caso mal parado parece ser a Anime no qual já se repete séries como Hellsing e Zion. Este espaço será para acabar após as restantes séries finalizarem?

Produção da Casa:
Com qualidade a confirmar. Pionés quer a direcção da SIC Radical jura a pés junto que não é para tentar fazer esquecer os Gatos Fedorentos. Repare-se nas afirmações de Vitor Figueiredo sobre Pionés "...não vai substituir o Gato Fedorento, porque tem um humor diferente. mais non-sense, mais para o absurdo. É um humor mais complexo e talvez não seja tão transversal". E ora não eram os Gatos mais non-sense, mais absurdo, complexos e menos transversais do que o restante humor feito em Portugal? Pelo vistos Pionés quer seguir-lhes o estilo então. Mas numa coisa tem mesmo razão, não vai mesmo substituir "Gato Fedorento" porque os antigos episódios continuam a ser retransmitidos até á exaustão (o que já é feito desde o abandono do quarteto do canal). É o que acontece quando se ficam por contratos verbais.

Estranho transmitido Segundas à noitinha vem ocupar o lugar normalmente reservado a séries de terror mas agora com produção nacional. Em 13 episódios (uns com interligação, outros não) vão desfilar alguns nomes conhecidos como Rogério Samora, Rui Unas e Teresa Tavares. É a primeira aposta nacional do canal em séries de suspense.

Pelo esperado programa de Rui Unas chamado O Novo Programa do Unas ainda teremos de esperar.

Após uma época bem fraca o Novo Ano a programação "estrangeira" parece mais forte. Vamos esperar que a produção nacional cumpra as expectativas que a SIC Radical anuncia.

Ugly Shoes





Sapatos Kitsch

Eis um site de calçado que pela suas formas, cores e materiais tem lugar a serem consideradas um objecto kitsch de consumo. Ugly Shoes of the Week é uma montra onde semanalmente são apresentados sapatos que se vendem efectivamente em lojas e que dificilmente pensamos que alguém os use. Mas neste mundo de 6 biliões de almas há sempre excepções. Vale bem uma visita para sorrir e imaginar quem terá coragem para os calçar.

Ugly Shoes of the Week

Flops #1 - CD-i





Grandes Flops Multimedia #1 - CD-i

Inauguro aqui um ciclo dedicado a "flops" (falhanços) no multimedia de consumo.

Corria o ano de 1994 ou 1995, andava eu na ESCS e numa aula que penso de Marketing recebemos a visita do Eng. Pedro Reuter, então Director de Media da Philips portuguesa. Vinha esclarecer-nos sobre as benesses do CD-i vulgo CD Interactivo, formato inventado pela Philips.

Muita pouca gente se lembra hoje do CD-i. Era uma simples caixa do tamanho de um leitor VHS destinada para a nossa sala de estar e ser ligada à TV. Tecnicamente até era interessante. Além de ler os CD's de música podia-se ver fotos formato Photo-CD, fazer Karaoke e ainda disfrutar de jogos interactivos. Igualmente alguns modelos corriam Video-CD's, espécie de DVD primitivo, muito popular na Ásia mas que aqui sempre foram uma raridade e ignorados.

Nesse tempo eu ainda nem tinha PC e o CD-ROM surgia no mercado timidamente com leitores a antigos 30 contos. Eram lentos na performance e sem ser profissionalmente não havia ainda gravadores CD-ROM. Também os jogos para o formato PC-CD ROM ainda não estavam maduros e precisavam de ser aperfeiçoados. Mas estava já convicto que mais rápidamente o CD-ROM iria ter sucesso do que o avantajado "tudo-em-um" CD-i. Não via o CD-i como substituto do VHS porque até não era possível gravar neles. E os Video-CD tal como os Laserdisc nunca cativaram as massas por cá. Tecnicamente os Video-CD's até tinham menos resolução do que o VHS (se bem que não se degradavam). E muito menos via o CD-i como fabulosa máquina de jogos porque cobiçava era jogar num computador. O CD-ROM parecia algo muito prometedor e revolucionário para o PC e o tempo veio a confirmar isso.

Por outro lado o CD-i parecia poder ter tudo para iniciar uma revolução na sala de estar mas a verdade é que interessou a muita pouca gente. Não foi por falta de promoção que falhou. Também não foi por incapacidade técnica ou falta de atributos. Nem por falta de títulos vídeo apesar de ficar muito aquém dos do catálogo VHS. Igualmente havia produtos didáticos e jogos suficientes. O preço dos leitores apesar de não ser barato era aceitável para algo que até fazia bastante. Custavam uns 80 contos e que era quase o mesmo que os leitores DVD custavam quando surgiram e esses até tinham menos funcionalidades que um leitor CD-i. O formato falhou porque simplesmente porque não despertou o interesse e desejo pois ninguém tinha a utopia de usar a sala de estar para tais coisas "multimedia" em família. A Philips quando se apercebeu que ninguém queria um centro multimédia começou a perceber que as pessoas estavam era mais interessadas em jogos e mudou a estratégia de promoção. Igualmente levou o CD-i ao PC mediante uma placa de expansão e até o ligou à Internet. Mas já era tarde demais. Do mesmo modo do que eu que nessa altura eu sonhava com as potencialidades do CD-ROM num PC (sobretudo para jogos) muitos ignoraram o CD-i. Aliás depois surgiram também as desejadas consolas de 16bits como concorrentes e entre elas a best-seller Playstation.

O centro multimédia na Sala de Estar era um sonho da Philips à frente do seu tempo. Ainda hoje não surgiu nenhum electrodoméstico que seja verdadeiramente um centro multimédia na sala de estar mas as consolas e os vindouros media centers preparam-se para um dia o fazer. Já a Commodore tinha tentado impor o multimedia na sala de estar com o CDTV (um vulgar Commodore 500 camuflado sob a forma de leitor CD de mesa) e falhou iniciando o declínio da marca alemã. Há sonhos que só o são para quem os sonha e que contados não faz ninguém tem vontade de viver neles. O CD-i era um dos tais.



Voltando a esse dia, perante colegas pouco interessados no assunto, opus-me ao sonho de Pedro Reuter. Disse-lhe que nunca iria triunfar, que o futuro seria seguramente o CD-ROM por muito que apregoasse as maravilhas da sua máquina. Confiante ou antes para esconder um quase anunciado falhanço Pedro Reuter apostou comigo um almoço em que passado um ano seria o CD-i o vencedor da contenda. Curioso é que a Philips além do CD-i apostava também forte no CD-ROM que era um filho seu e da Sony. Mas o CD-i era um produto totalmente seu e as compensações em royalties do CD-i seriam então melhores se o formato vingasse. Por isso insistiu até ao fim no extinto formato. Era a luta com a Sony pela supremacia nas guerras de formatos. Até hoje ainda nunca voltei a encontrar o Sr. Reuter pelo que o almoço nunca mo foi oferecido. Também guardo ainda "religiosamente" da minha victória "moral" um CD-i de demonstração de um trecho da ópera AIDA em Dolby Surround oferecido numa feira. A ideia era que pegasse nele e fosse a um stand de electrodomésticos para o experimentar. Como muita gente não o fiz e coloquei-o na prateleira. Nunca tive a chance de o usar e parece que nunca terei oportunidade para tal. Se o Video-CD, SVCD e outros formatos já quase desaparecidos como o HDCD ainda podem ser apreciados em novas máquinas como o DVD o CD-i já está enterrado e mais que esquecido. Menos para para a Philips que perdeu mais uma batalha e investiu milhões no formato...

Links interessantes sobre CD-i
FAQ sobre CD-i
No Wikipédia
Site sobre CD-i

Thursday, January 05, 2006

Popozão + Federline





Olha o nível!

Após algumas tristezas com que começamos o ano e de que já falei anteriormente, lembremo-nos que temos sempre a música para desafogar as nossas mágoas. Mas musicalmente o ano também não começa lá muito auspicioso. Dia 1 de Janeiro foi o dia em que Kevin Federline, o bailarino que se casou com Britney Spears se estreou a sério no mundo da música mesmo apesar de ainda não ter conseguido arranjar um contrato numa editora.

Para quem dizia musicalmente mal de Britney após ouvirem Federline no seu single de apresentação vão achar que Britney até é o menor dos males. O bailarino lançou para supresa de todos uma canção baseada em ritmos de funk brasileiro das favelas. Para quem não sabe que estilo é este, talvez se lembrem dos Bonde do Tigrão, famosos por um dos plágios mais descarados da História em que roubam completamente a "malha" de Headhunter dos Front242. Musicalmente este estilo é composto de batidas funk muito simples e quase sempre com letras machistas / sexuais que roçam o mau gosto e que faz lembrar um género de Kuduro brasileiro.

E se já houve DJ's e produtores que tentaram tornar o Funk de favela como um objecto musical de culto (Favela Chic por ex) Kevin pretende é mesmo torná-lo popular. Popozão é nome do single de estreia e signfica na gíria das favelas "cú grande" ou numa linguagem mais abrasileirada "bunda grande". Ora o título não engana. A música em si é pobre limitando-se quase só pelos ritmos básicos do funk. A letra do qual transcrevo esta parte fala por si:

Bring your ass on the floor and move it real fast
I wanna see your kitty and a little bit of titty

Feder arranha mesmo uma frase em Português "Gatinha sai do chão, Vai descendo o popozão". Ora está visto que Federline não tem sequer talento para compôr uma melhor na sua estreia até porque na verdade nem sequer deveria conhecer estas sonoridades se não lhes tivessem sido apresentadas pelo seu produtor brasileiro. E é claro que ficamos também então à espera que Mr. Spears lance depois um teledisco a condizer, tendo os mesmos condimentos de qualquer teledisco americano de Hip-Hop/Rap, ou seja muitas gajas (popuzudas) a abanarem-se. Nada mais básico e directo para cativar o mercado.

O curioso é que esta tentativa medíocre de Federline pode trazer a esta sonoridade uma atenção nunca vista e muito mais gente pode pegar nesta deixa. Será que após o Reagaetton teremos no próximo verão o funk das favelas como música dos tops musicais?

Música para escutar aqui:
Tirar antes que despareça #1
Tirar antes que despareça #2
Tirar antes que despareça #3

Página oficial do Single

Wednesday, January 04, 2006

La diarrea!



Tuesday, January 03, 2006

O Circo nos Media





E o ano começa (mal)!

O circo mediático começou cedo este ano. O princípio de ano fica já marcado pelos vários canais de TV mostrarem num aeroporto uma agressão à estalada. Tudo por causa de uma contratação de um jogador de futebol. É a podridão dos negócios do futebol a vir ao de cima numa altura em supostamente o campeonato português até se encontrava de férias e teria poucas notícias a oferecer. Puro engano, pela amostra muita guerra futebolística vai ainda animar neste ano este triste país.

Mas há "fait-divers" que até me animam. Pimpinha Jardim resolveu dar um "chuto" no seu namorado que até é filho da directora do Independente, a polémica Inês Serra Lopes. Ohhhhh... Francamente estou pouco preocupado com a vida sentimental da socialite mas a hipotética ideia de que Catarina Jardim nunca mais escreva nem que seja pelo menos para o Independente alegra-me. Se Serra Lopes guardar rancor e quiser pode ser que faça uns telefonemas que a impeçam de escrever noutros lados. Tendo em conta a qualidade jornalística do já famoso "Todos a bordo" era um favor que nos fazia.

Mas no momento que escrevo esta entrada o mais triste é saber do falecimento de Carlos Cáceres Monteiro, destacado jornalista e distinguido com inúmeros galardões, reconhecido como director desde o início da revista Visão e nos últimos tempos director da Edipresse. Jornalista que marcou a reportagem em Portugal pelo seu estilo acutilante de escrita vai deixar certamente saudades a muitos.

Espero assim que os media em Portugal tragam melhores notícias.