
Os ódios de Tomás TaveiraA Arquitectura em Portugal sempre esteve em segundo plano nos mass media. Aparte de notícias sobre projectos monumentais, derrocadas, inaugurações e casos políticos como o Casino de Lisboa, a Arquitectura em si nunca foi uma arte que tivesse muito tempo de antena. Raras foram ou são as colunas na imprensa escrita, programas de TV ou crónicas radiofónicas sobre o assunto. Talvez Manuel Graça Dias tenha sido o arquitecto que mais tenha tentado colmatar este vazio levando a Arquitectura a um público mais vasto. Graças sobretudo à RTP e TSF o seu esforço de divulgação teve algum eco.
No momento, a voz mais saliente nos media é provavelmente capaz de ser Tomás Taveira que tem uma coluna regular na revista de Domingo do Correio da Manhã. Tomás Taveira até já teve durante bastante tempo direito a duas páginas mas agora que a revista sofreu uma remodelação, a sua colaboração foi reduzida a uma página. Em condições normais ficaria triste que este corte tivesse acontecido com um arquitecto, tal a escassez de que já falei. Ora, no caso de Tomás Taveira até é muito positiva. Este polémico arquitecto sempre aproveitou mal o espaço que lhe foi concedido. Semana após semana, a sua crónica sempre foi um desfilar de ódios mesquinhos e de uma vaidade repúgnável que nada dignifica a profissão que representa. Qualquer tema ou reflexão era sempre aproveitado para mostrar a sua aversão pelo estilo praticado pelos arquitectos da Escola do Porto, pela Ordem e pela constante perseguição a que é sujeito cá no burgo. Ora, Taveira só colhe o que semeia. Tirando o escândalo sexual que para aqui não é chamado (e que interessa mais ao grande público e aos tablóides) o seu comportamento civil nunca foi exemplar. As suas guerrinhas na Fac. de Lisboa de onde foi expulso, os atritos com a respectiva Ordem, o recolher à força de louros arrancados a antigos patrões já falecidos (e no qual o já foi condenado por tal em tribunal) dão-lhe uma má reputação no meio. Por tudo isto Taveira é um arquitecto isolado e frustrado.
Não sou arquitecto mas não sou cego para me aperceber que a sua contribuição não é tanta como ele quer nos fazer crer. Ele até nem é dos nomes portugueses mais citados ou com projectos mostrados em livros internacionais. Existem muitos outros arquitectos ou projectos nacionais que são muito mais divulgados e apreciados. Não me parece que Taveira tenha ou vá ter trabalhos que lhe façam valer um dia o Prizker. E por cá o efeito choque Amoreiras e BNU já se diluiu e a maioria das pessoas são lhes totalmente indiferentes. Depois disso passou bastante tempo sem conseguir "chocar" o público como muito gosta. E somente com seus os mal-amados estádios Euro 2004 lá conseguiu estar na ribalta de novo. Esclareco que não sou contra o chamado pós-modernismo arquitéctonico nem sou um defensor das linhas mais sóbrias e práticas de por ex. chamada "Escola do Porto". O que sei mesmo é que não não estimo a aberração cromática que Taveira aplica nos seus projectos. E até sim, gosto de aplicação de cores arquitectonicamente mas já não gosto de orgias de cor. De Taveira, ainda consigo até gostar do Palmela Village. A cor ali é diluída em pequenos edíficios e é mais suportável, mas nas suas construções mais volumosas já detesto. E a nivel das formas também nunca lhe reconheci nada de genial.
Não creio que ele esteja no CM por ser UM arquitecto ou O arquitecto como se gosta de fazer passar. Está lá porque é O Taveira, está lá pelo seu mediatismo (negativo) e por o CM ter a orientação em termos de público-alvo que tem. Por isso não me importava que no seu lugar estivesse alguém que realmente educasse. É que já estamos farto de saber pelas suas palavras que é um génio incompreendido que só o futuro lhe irá dar razão. Por mim que o seja só no futuro. Não me importa que eu seja mais uma pessoa de pouca visão, um inculto. Importa-se então de ocupar menos espaço no presente sr. Taveira?
Nota: As crónicas de Tomás Taveira podem ser normalmente consultadas no seu
Sítio Web.