Tuesday, April 04, 2006

Blitz



Blitz is dead!

O meio musical neste país é tão minúsculo que já vamos deixar de ter direito ao único semanário português sobre música. O Blitz pelo que li no Meios e Publicidade vai passar em Junho a ser mensal e reduzir para metade os efectivos. O jornal sabe-se lá porquê nos últimos tempos nunca foi muito rentável. As recentes tentativas de torna-lo mais mainstream com capas, suplementos e destaques claramente a puxar para o popular é capaz de não ter tido muito resultado.

Eu pessoalmente creio que não seja uma questão de vendas, questões meramente editoriais mas de custos operacionais. Sempre torci o nariz em ver este jornal gerido por grandes grupos. O Blitz é algo que deve ser proporcional ao tamanho do mundo em que vive. Deve ter uma estrutura ágil e reduzida, instalações quasi-virtuais, e viver de jornalismo quase voluntariado como publicações como a Mondo Bizarre e muitos dos magazines musicais web nacionais que surgiram. Por outras palavras deve crescer de baixo para cima e não esperando à partida atingir metas de rentabilidiade fixadas pelo conselho gerente do grupo. Igualmente deve ter uma simbiose com os novos meios como a web algo que nunca conseguiu plenamente executar. Mas esta é claro a minha modesta opinião...

7 comments:

NELSON CALVINHO said...

bem vindo de volta, nuno, e obrigado pelas visitas ao UN.

É tão deprimente quando não conseguimos actualizar regularmente os nossos blogs... :-(

JPC said...

«viver de jornalismo quase voluntariado»
a) E o pão na mesa, quem põe?

b) E porque não devem ser pagos os conteúdos?

São duas questões que deixo.

JPC said...

Expressei-me mal, na segunda:
b) E porque não deve ser paga a produção de conteúdos? Não custa? Não é trabalho? Não dá trabalho?

Ficam as pontas para uma discussão futura. Não? :)

Nuno Barros said...

Quanto à segunda pergunta mesmo com "correcção" não percebi. Onde digo ou não no meu texto que os contéudos web devem ou não ser gratuitos? Não era isso que estava em causa no texto.

Quanto à primeira já se viu que viver exclusivamente num projecto noticioso semanal puramente musical "não dá". Ora um jornalista dividindo e rentabilizando a actividade jornalística musical entre Jornal Semanal/Coluna num jornal nacional/Rádio/Meio Online e quem sabe TV um jornalista do meio poderá subsistir sem depender somente do dito semanário informativo musical.
"o viver de jornalismo quase voluntariado" é em relação do dito e necessário semanário semanal, não da actividade geral dos ditos jornalistas em si.

Espero ter sido mais claro assim. :)

JPC said...

O Nuno diz: «Quanto à segunda pergunta mesmo com "correcção" não percebi. Onde digo ou não no meu texto que os conteúdos web devem ou não ser gratuitos? Não era isso que estava em causa no texto.» Pois não.

O que o Nuno refere é o seguinte: «(…) Deve ter uma estrutura ágil e reduzida, instalações quasi-virtuais, e viver de jornalismo quase voluntariado como publicações como a Mondo Bizarre e muitos dos magazines musicais web nacionais que surgiram.»

O que eu quis dizer com «E porque não deve ser paga a produção de conteúdos? Não custa? Não é trabalho? Não dá trabalho?», contrapunha a sua ideia de «jornalismo quase voluntariado». Ou seja, a produção de um conteúdo escrito ou audiovisual é trabalho e o produto é uma mercadoria. Portanto, o produtor do conteúdo deve ser remunerado pelo seu trabalho.

No geral, e por estar na indústria, eu preocupo-me não tanto com a ideia crescente de que os conteúdos devem ser de acesso gratuito, mas com o reverso dessa medalha: que os produtores de conteúdos não têm necessariamente que ser pagos; ou ser bem pagos; ou sequer ter um contrato de trabalho ou de prestação de serviços; que devem ser descartáveis, a recibos; etc. Ou, por outro lado: que não devem ser especializados, pois esses são caros e um não-especializado faz o mesmo; e talvez até faça maior quantidade, devido à carolice com que encara a coisa. Mas detenho-me por aqui e parto para outra linha.

Eu defendo e promovo a gratuitidade, para o consumidor/público (chame-se-lhe o que entender), de algumas publicações impressas e outros suportes. No entanto, a dura realidade é esta: o papel custa dinheiro; a impressão custa dinheiro; a distribuição custa dinheiro; um servidor web custa dinheiro; água e luz e internet custam dinheiro; recursos humanos qualificados, comprometidos (com o projecto), responsáveis, competentes e profissionais, também custam dinheiro. E sobretudo sem recursos humanos detentores destas características, uma publicação está comprometida à partida. E há muito recurso humano numa publicação: escrevinhadores, fotógrafos, secretários/coordenadores de agenda, etc.

(E nem todos somos o Eng. Belmiro de Azevedo, que há 17 anos sustenta, pode e quer sustentar um jornal e respectiva empresa que fechou o exercício de 2004 com uns irrisórios e risíveis 37 mil euros de lucro, o único ano positivo na última década, salvo erro.)

Pode pensar-se: mas estar num projecto por desporto, sem querer receber e com isenção de horários, até funciona melhor e facilita a vida a todos porque cada um dá o que pode e quando pode. Pois bem, na verdade não é assim que acontece. Textos com erros não facilitam; atrasos em entregas não facilitam; fechos de edição que se prolongam por eternidades não facilitam; grafistas que descalçam a nossa bota não facilitam; e coordenar tudo isto torna-se uma actividade capaz de absorver mais de oito horas por dia. E quem as tem? Sabemos a resposta.

Por outro lado, comprar peças sai mais caro, na generalidade, do que manter redactores.

Mas, para terminar e porque já vou longo (e o Nuno que me desculpe, pá :) ), produtos de qualidade exigem recursos, em última instância exigem dinheiro. E esse provém de circulação paga, de publicidade vendida, de boa gestão corrente, etc. Tomara que a publicação se pague a si, quanto mais dar lucro.

Do Blitz em concreto não quero falar. Nem da Mondo Bizarre. Porque desconheço as empresas, as redacções, os mecanismos, e por acaso até há já um belo tempo que desconheço o miolo.

Diz o Nuno: «Mas esta é claro a minha modesta opinião...» E eu digo o mesmo, apesar da extensão :)

Anonymous said...

é a tua e minha também (com efeito). mas não me custa muito ter o blitz mensal, já que deixei de o comprar há muito. para mim sofre de demasiados problemas para se justificar a compra.
talvez volte a ganhar o estatuto que teve em tempos, quem sabe.

Anonymous said...

Caro Nuno,
Gostaria de ter o seu link, mas no meu blog são as visitas que se linkam! Por isso e se for da sua vontade, vá até lá e clique no logotipo do "Páginas Amar-ela", o dos morangos, para fazer o registo e adicionar o seu blog!
Um abraço amigo,
Daniela